Retirada lá de baixo há alguns anos (pergunte-se como, sendo que nós sequer conseguimos alcançá-la), fora colocada – por meio de um poço de inserção – sob a Geleira Milne, situada no Ártico (imagine uma rocha que pesa toneladas sendo arrastada ao longo do oceano por algum tipo de submarino). Como se já não fosse suficiente, constata-se que ela fora aquecida por forte chama até que ficasse carbonizada por fora, e assim se assemelhasse a um meteoríto.
Belo golpe para provar um inexistente sucesso da NASA. Um suposto meteoríto contendo fósseis faria qualquer cético acreditar que foi descoberta vida em outro planeta. – “Ponto de Impacto”, de Dan Brown.
O que isto tem a ver com o tema do blog? Na verdade, nada. Este foi apenas o exemplo que usei para introduzir a não tão recente polêmica causada pela obra “O Código da Vinci”, do autor anteriormente citado. O exemplo dado comprova a grande habilidade que o mesmo tem de escrever obras de ficção.
Ficção. É este o termo utilizado para se tratar dos cinco livros do autor (sendo quatro já publicados e um em tal processo). É verdade que há uma enorme pesquisa por trás de seus enredos, com ajuda de sua mulher historiadora, mas isto não significa que ele afirme que todos os fatos que descreve sejam verídicos. Pelo contrário.
Somos Católicos. Embora não estivéssemos vivos na época de Cristo, não tenhamos certeza sobre as coisas em que acreditamos, e não saibamos quais verdades realmente se mantiveram intactas ao longo do tempo, nós continuamos acreditando. Acreditamos a ponto de eu ter escrito este texto, e você ter parado para lê-lo. Já que temos o direito de ter nossas próprias crenças, nada impede que pessoas que também não têm certeza de nada criem suas próprias teorias.
“O Código da Vinci” e “Anjos e Demônios” vieram para propor novas idéias aos leitores. Ambos contestam a integridade da Igreja e os caminhos tomados por ela em certos períodos da história da humanidade. E este foi o motivo de tamanha repercussão: sérios questionamentos serem lançados ao mesmo tempo, e respondidos com as mais complexas das especulações.
Os livros podem deixar algumas pessoas intrigadas com certas coisas, mas o que importa em tudo isso é o quanto você acredita. No que se deve acreditar?... No que nosso coração pula para dizer que é a Palavra de Deus, ou no que um homem qualquer supõe em um livro? Sendo ou não um dos mais vendidos do mundo, passa longe do número de exemplares adquiridos da Bíblia Sagrada.
Antes de se inteirar sobre as obras, é apenas nisto que se deve pensar. Dan Brown tem o dom de distorcer fatos para chegar às verdades que deseja, e isto é incontestável – diferentemente das teorias que cria.
Seus primeiros quatro livros têm a mesma linha de raciocínio. O mocinho começa em seu ambiente, é arrancado dele, passa por vários perigos, e salva a Inteligência americana/todo o Vaticano/a credibilidade da NASA/a Igreja Católica.
Muda-se o nome das personagens, o ambiente em que se passa, e o alvo das especulações. Mas a base de todos eles é a mesma. Sendo assim, pensar em dois enredos que envolvam a Igreja Católica não deveria se tornar um grande problema para nós, visto que o homem não tem certeza do que está falando. As opiniões dele são contrárias às nossas, apenas isso.
Ele pesquisou para descobrir o que queria, usou o que descobriu para inventar algo que achasse interessante, e conseguiu. Mas deve-se condenar alguém que cria suas próprias teorias para explicar alguns pontos falhos da Igreja, ou simplesmente tem uma nova versão sobre certos acontecimentos?
Os livros são bons, e são fictícios. É até legal ver o quão longe pode ir a imaginação de um homem. Aquela polêmica toda foi um grande exagero – criado por quem não parou para pensar pelo lado menos fervoroso da Cristandade. E vai acontecer novamente com a estréia de “Anjos e Demônios” nos cinemas, prevista para Maio de 2009.
Preocupar-se com isto não vale a pena; nós sabemos em que acreditamos. Encare os filmes e seus livros como qualquer outro romance. O autor não nos ofende em situação alguma (Robert Langdon, personagem principal dos dois livros, é até bastante defensor do Catolicismo); pensando bem, desrespeitá-lo novamente também não seria justo.
Cínthia Zagatto (GOSD)
Nenhum comentário:
Postar um comentário